Tem Um Fantasma no Meu Banheiro - Ane Braga

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Pétalas de seda - Jo Leigh - Cap. I *



Capítulo Um


Alex Spalding consultava o quadro com os horários de partida dos voos daquela manhã. No momento que localizou seu voo para Los Angeles, o aviso de “previsto” mudou para “atrasado”. Outra vez não!, pensou ele xingando entre os dentes. Não poderia se atrasar. Hoje não. Não com tanta coisa em jogo nesta viagem. Ele tentara viajar na noite anterior, mas o mal tempo em Chicago não permitira. A previsão do tempo, errada, garantira céu claro para esta manhã.
Enquanto se dirigia ao portão de embarque, Alex se questionava sobre a possibilidade de ligar para a sua prima. Barbara ficaria preocupada, e isso era a última coisa que ela precisava as vésperas do seu casamento. Ela poderia enviar outra pessoa para buscar as flores se ele se atrasasse muito para o jantar. Até que seria bom…
Ele podia quase ouvir seu suspiro de resignação – o mesmo Alex de sempre.
Não, ele iria esperar. Havia ainda uma chance de chegar a tempo. Ele precisava chegar. O problema não eram as flores. Ele precisava mostrar a Barbara que havia mudado. Mostrar a Dana...
Ao pensar em Dana, sentiu um aperto no peito e um leve movimento nos abaixo da cintura. A reação não o surpreendia. Podia fazer um ano que ele não a via, mas ele ainda a desejava muito.
Encontrou um lugar vazio na sala de embarque e após assentar sua pasta próxima a sua perna direita, preparou-se para a longa espera. Uma mulher de cabelo castanho chamou sua atenção, mas claro, não era Dana.
Ele pensava sobre seu cabelo. Será que ainda caia gentilmente sobre seus ombros? Tão brilhante e macio que era impossível não tocar… Esquecendo-se do atraso do voo, ajeitou-se na cadeira e fechou os olhos. Era mais fácil vê-la assim, e foi como ele a viu.
Como sempre, no início ela estava vestida. Peça íntima estava dentro do conceito de roupa, certo? Ela estaria vestindo aquele sutiã preto e calcinha preta que o levava a loucura. Ela os usaria por debaixo da roupa social conservadora, e, no momento em que chegassem a sua casa, ou na dela, ele já estaria completamente louco. Ele pediria que ela fizesse striptease e ela faria. Dana sabia como excitá-lo.
Ele se contorceu na cadeira. Pensar nela talvez não fosse uma boa ideia. Havia um longo dia pela frente. Já era ruim o bastante estar preso em um aeroporto ou avião. O melhor a fazer era pensar em outras coisas.
Certo.
Como se alguma vez ele tivesse sido capaz de, por sua própria vontade, afastá-la dos seus pensamentos. Quando começava a pensar em Dana não conseguia mais parar. Ela vivia em sua imaginação e isso era tanto uma benção quanto uma maldição.
Ele não tinha o direito de pensar que poderia consertar as coisas entre eles. Ela o expulsara por causa dos seus erros, e ele não a culpava. Ele fora um idiota.
Ele não era mais um idiota. Mudara. Tudo o que ele deveria fazer agora era convencer Dana...
Mas ela não o ouviria sem relutar. Um sorriso se formou. Como ela lutava... Ele teria uma chance. Uma oportunidade para conquistá-la outra vez. Quando se tratava de paixão, Alex sempre a conquistava.
Ele precisava fazer amor com ela. Talvez assim ele pudesse conquistá-la novamente.
***
Dana Groves esperava pelo sinal abrir na esquina das ruas Little Santa Monica e Wilshire. Ela não estava atrasada, então porque se sentia apreensiva?
Riu de sua própria tolice. Sua ansiedade não tinha nada a ver com o jantar de ensaio da Barbara, e sim com Alex. Ele poderia já ter chegado, embora fosse pouco provável. Na realidade, ela poderia apostar sua fazenda que ele estava atrasado, como sempre.
Quando o sinal abriu, continuou dirigindo lentamente pelo engarrafamento da hora de rush Lembrou-se de um dia ensolarado, muito parecido com este. Seus pais haviam vindo de Michigan e ela os levara para jantar no Jimmie para conhecerem Alex, o homem com quem ela pretendia se casar. Ele não apareceu, mas ligou se desculpando quando já estavam na sobremesa, dizendo ser inevitável e que ele iria se redimir. Mas ele sempre se desculpava, sempre dizia ser inevitável e ele nunca se redimia.
Ela virou à direita e voltou em direção a Wilshire. Droga. Ela faria isso por ele outra vez. Era o tempo exato de parar na floricultura, pegar as flores para Barbara e chegar ao jantar na hora marcada.
Suspirou enquanto dirigia, imaginando pela milionésima vez porque tinha que ser assim. Alex tinha tudo o que ela sempre quisera num homem – era gentil, bonito, engraçado, inteligente – exceto por sua total falta de responsabilidade. No início era charmoso, depois se tornou um problema e finalmente levou ao rompimento da relação.
Ela estava certa ao terminar com ele. Então porque um ano depois ainda pensava em Alex todos os dias? Por que todos os homens que ela conhecia não se comparavam a ele? E por quê, em nome de Deus, só de pensar no nome dele ficava inundada de desejo?
Como se fosse reflexo condicionado, sentiu um tremor na barriga e um pouco mais embaixo. Só de pensar em Alex – seus olhos verdes a encarando, o toque de suas mãos – o coração acelerava e o sangue esquentava. Ele a levara a lugares que ela nunca sonhara. Alex sabia coisas sobre Dana que ela mesma desconhecia. Ele ampliou seus limites chocando-a com o desejo de segui-lo, mesmo que a um lugar onde meninas boas não deveriam ir.
Mesmo agora, um ano depois, ela ansiava pelo seu toque, seus lábios, seu membro longo e duro. O que ele fazia com ela...
Porém, mais do que isso, ela sentia falta da proximidade, da intimidade que havia entre eles. A maneira que ele a abraçava após fazer amor, falando bobagens em seu ouvido... Nunca ninguém a fez se sentir tão amada e desejada como Alex fizera.
No fim, nada disso sustentou a relação. Ela não podia contar com ele. Ele a decepcionara muitas vezes.
Que desperdício.
Os próximos dias seriam difíceis. Seria tão fácil voltar ao passado, deixando seu desejo dominar seu bom senso. Tudo que ela deveria fazer era não ficar sozinha com ele.
Estacionou na floricultura e, ao olhar as horas, percebeu que havia tempo suficiente, até ver a placa de “Fechado” pendurada na parede. No entanto, a porta estava aberta, o que significava que havia uma chance. Ou talvez a porta estivesse aberta porque ainda houvesse um cliente lá dentro. Seu coração acelerou e ela quase não podia respirar. Ele poderia estar atrás daquelas flores, atrás daquela porta.
O que ela estava pensando? Claro que Alex não estava lá. E também não havia ninguém para atender.
- Olá?
Nada. Ela se dirigiu ao balcão procurando por uma campainha. Nada. Então se dirigiu para a parte de trás do prédio, sua adrenalina ainda alta, mas não por causa de Alex. Dana não tinha muito tempo. Ao contrário de certas pessoas que conhecia, ela era muito responsável e nunca se atrasava.
- Olá?
Ela olhou dentro de uma das salas dos fundos. Não havia ninguém. Havia ainda um lugar que ela não tinha checado. Bem, dois, contando o banheiro. Ela se apressou para abrir uma porta pesada e espessa. O frio a atingiu em cheio, mas o cheiro sedutor de centenas de flores diminuiu o impacto.
A sala era a despensa e havia literalmente pilhas e pilhas de flores frescas e lindas, de todas as variedades, de tulipas a crisântemos, e as mais lindas rosas que ela já vira. Infelizmente, não havia ninguém ali. Ela olhou atrás das cestas sem sucesso. Quem quer que trabalhasse lá deveria estar no banheiro.
Ela se dirigiu para a porta, mas uma voz masculina abafada a fez parar. Ela conhecia aquela voz muito bem.
Alex
Ai, Deus. Agora não, aqui não.
Dana ouviu seus passos se aproximarem e se escondeu atrás de uma pilha de cestas. Onde estava o vendedor? Alex não tinha muito tempo. Ele precisava pegar as flores e partir. Então ela poderia correr para o jantar da Barbara e tudo ficaria bem. Mais tarde poderia pensar sobre sua reação, a palpitação e o calor que a incendiavam por dentro.
- Olá?
Dana congelou. Infelizmente, não era apenas maneira pelo jeito de ele falar. A sala estava congelando e ela teve que se esforçar para que seus dentes não fizessem barulho ao tiritarem. A situação foi de mal a pior quando Alex entrou na sala.
Ela não podia vê-lo por inteiro, mas o que via era o bastante. Ombros tão largos quanto a porta. Cabelos escuros, ondulados e compridos sobre o colarinho. Quadril estreito, pernas compridas e, bem ao seu lado, a mala que trazia. Devia estar vindo direto do aeroporto.
- Ei, tem alguém aí?
Ela fechou os olhos, concentrando-se em se manter aquecida. E daí que ele estivesse a apenas a alguns passos dela? O coração bombeava com tanta força que ela pensou que poderia morrer. Ou que a saudade era tão forte que ela mal podia se lembrar de como respirar. Alex não era bom para ela. De modo nenhum. Ela estava bem melhor sem ele. Deveria se lembrar disso.
- Droga.
Ela abriu os olhos e o viu checando o relógio. Alex começou a caminhar no corredor e ela se escondeu ainda mais no canto. Se continuasse indo na sua direção, ele a veria. E como Dana se explicaria?
Ela rezou para que o vendedor aparecesse. E sua oração foi atendida – em parte. Ela ouviu a porta pesada bater e a sala escureceu. Ela não podia ver a porta de onde estava, mas o grito de Alex lhe disse tudo que ela precisava saber. Ele atravessou a sala correndo e socou a porta com ambas as mãos.
Uma luz fraca surgiu e depois outra. Dana fechou os olhos e cruzou os dedos – todos eles.
- Por favor - sussurrou ela - ouça-o. Abra a porta.
Mas passou um minuto... depois dois minutos... e a porta continuava fechada.
O vendedor iria voltar. Claro que iria. Ela recuou ao perceber que seu celular estava no carro, mas talvez houvesse um telefone ali. Com certeza eles não ficariam presos por muito tempo.
Dana estava na situação que mais queria evitar. O maior perigo que ela poderia ter imaginado.
Estava sozinha com Alex.
Se Alex a encontrasse, e se o vendedor não voltasse logo, Dana teria um problema de longa duração. Porque ela não podia resistir a ele. Ela nunca fora capaz de resistir. No momento em que ele a tocasse estaria perdida.
Cruzou os braços sobre o peito quando ouviu seus passos do outro lado da sala. Ele deveria estar procurando por uma saída, um telefone, ou talvez, o acesso de carga.
Seus olhos se fecharam enquanto as lembranças a aqueciam. Alex por cima, seu olhar intenso preso ao dela enquanto a torturava com seu ritmo longo e lento, levando-a além dos limites.
Alex por baixo enquanto ela o galopava, seu quadril se impulsionando para cima a fim de acompanhar seu ritmo, enquanto os dedos dele se moviam sobre seus mamilos...
Ela quase gemeu. Apertou suas coxas para diminuir o desejo. Ele era tão bastante ruim para ela pelo simples fato de ser muito, muito bom.
Tentando afastar pensamentos tolos, ela abriu os olhos e se viu frente a frente com os olhos verde esmeralda do seu ex-noivo.



* Cortesia Harlequin Books

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