Tem Um Fantasma no Meu Banheiro - Ane Braga
segunda-feira, 22 de abril de 2013
A árvore chorona - Ane Braga
O pequeno Marcos brincava no tapete da sala.
Seu pequeno caminhãozinho enfrentava quaisquer obstáculos.
Monte de almofadas, poeira de vassoura e até areia. Nada o parava.
— Fique longe do sofá! Sua irmã o alertou. — Já esqueceu o que a mãe disse?
O sofá... Lindo e novo, com aquele cheirinho de couro... Que vontade de morder... Não! Ele precisava ser forte!
A última vez que desobedecera à mãe havia levado uma bela surra. Se bem que daquela vez ele tinha passado por debaixo da chorona. Era só passar debaixo daquela e... Batata! Surra na certa!
Marcos voltou a brincar com seu caminhão, já do outro lado da sala.
Olhou a irmã compenetrada na varrição e foi chegando perto do sofá.
Passou a mão para sentir a textura. Aproximou o nariz do braço do sofá e inspirou forte. Que cheiro gostoso...
— Pode sair daí! Maiquinho, seu outro irmão, acabava de entrar na sala.
— Já acabou o jogo? Perdeu de quanto? Marcos o provocou.
— Muito engraçado! Maiquinho replicou. — Fique longe do sofá! Lembra da mesinha?
— Aquilo foi um acidente! Como eu iria adivinhar que a mesinha era tão mixuruca?
— A irmã encostou a vassoura na parede e entrou na conversa.
— Nunca te disseram que lugar de sentar é na cadeira e não na mesa?
— Mero detalhe! Marcos deu de ombros e continuou a brincar.
— Como foi o jogo? A irmã perguntou para Maiquinho.
— Três a zero... Para eles!
— Não falei? Marcos gritou triunfante!
A irmã afagou os ombros de Maiquinho. — Vá tomar um pouco de água. Recomeçou a varrer. — Depois que eu terminar aqui a gente joga Banco Imobiliário.
Maiquinho assentiu e foi para a cozinha.
A irmã olhou o pequeno Marcos por um instante.Pareci meio indecisa.
— O que foi? Marcos parou de brincar e olhou para a irmã.
— Se eu for rapidinho jogar o lixo lá fora, você se comporta?
Marcos fez careta. — Claro, afinal não sou nenhum bebê!
Meio relutante, a irmã saiu rapidinho. Voltou menos de trinta segundos depois.
— Quem mordeu o sofá? A mãe perguntou já com o cinto na mão.
— Como? Não faz nem um minuto que deixei a sala!
— Nem olhe pra mim. Maiquinho calmamente falou, retornando da cozinha. — Além do mais, eu não tenho dentões como esse – completou.
A mãe olhou para Marcos. — Foi você?
— Não fui eu! Ele chorava escandalosamente. Olhou o barrigão da mãe. Em revê seria mais um a apanhar. Como seria mesmo o nome? Ah!Wiliam!
Por alguns segundos se esqueceu do cinto ameaçador.
— Então, menino! Pelo visto, a mãe não se esquecera. Que saco!
— Não fui eu! Repetia sem parar e às lágrimas.
A mãe não se convenceu. Levantou o cinto e foi em direção a Marcos.
— Se for bater nele, terá que bater em nós dois também – Maiquinho interferiu.
— Sem problemas – a mãe respondeu. — E vou começar por você!
— Excelente ideia – a irmã ironizou, olhando para Maiquinho.
Foi cintada para todo lado.
Enquanto os irmãos apanhavam, o pequeno Marcos ria a valer.
— Agora é a sua vez! A mãe olhou para o pequeno marcos.
Antes mesmo de a mãe levantar a cinta, Marcos já estava gritando.
— Espero que tenham aprendido a lição. A mãe saiu deixando os irmãos sozinhos.
— Mas eu nem passei debaixo da chorona hoje! Marcos reclamou.
Maiquinho fez uma careta. — mas, eu passei!
O pequeno Marcos olhou para os irmãos e os três desataram a rir.
A vida era realmente boa.
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