Tem Um Fantasma no Meu Banheiro - Ane Braga

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Pétalas de seda - Jo Leigh - Cap. IV *



Capítulo Quatro


Por que ela tinha ido aquele lugar? Dana refletiu tristemente. Dentre todos os seus erros, este era um dos cinco piores. E por que diabos o vendedor os deixou trancados? Ela deveria processá-lo. Ela deveria encontrar o alarme de incêndio e acioná-lo. Ela deveria...
Ficar longe de Alex.
O beijo a despertou como se ela fosse a bela adormecida, com a diferença de que a sua maldição era o príncipe. Seu corpo traidor se despertou com o simples toque dos seus lábios, e se ele a tivesse pressionado, ela teria cedido.
De repente ela estava na extremidade mais afastada da sala, encarando pensativa a porta de carga. Ele não a pressionou. Na verdade, foi ele quem parou.
Isso não fazia sentido. O Alex que ela conhecia nunca havia perdido uma oportunidade de fazer amor. Porém, mais do que isso, ele nunca perdia a chance de colocar suas necessidades em primeiro lugar, antes das dela – como satisfazer seu desejo físico antes do dela ou excitá-la quando ele estava com vontade. Até mesmo convencê-la a fazer amor apesar de qualquer insegurança que ela pudesse ter. E ele possuía uma habilidade misteriosa de influenciá-la. Então por que ele parara?
Ela se virou. Alex estava em parte escondido pelas flores, ocupado com alguma coisa que ela não conseguia ver. A parte visível dele era suas costas e suas pernas, embora ela não ligasse para suas pernas.
O homem tinha costas absolutamente perfeitas. Fazia um ano desde a última vez em que estivera com ele intimamente, e se ela fechasse os olhos, ainda podia lembrar-se da sensação exata de acariciá-las.
Pare com isso. Pensar sobre isso somente lhe traria problema. Ela o amava, e provavelmente sempre o amaria. Sempre se lembraria da intimidade deles. Mas se abaixasse a guarda agora, ela se arrependeria amargamente. Por Deus do céu, ele não conseguia nem pegar as flores para o jantar de ensaio da própria prima.
Ele havia parado.
Ele poderia ter pressionado. Ele sabia que ela estava em suas mãos. Ele sempre podia lê-la como um livro. Era como um sexto sentido para ele. Ela duvidava que aquela habilidade tivesse diminuído com o tempo.
Então por que ele não a seduzira? Ele afirmava ter mudado, mas poxa. Pessoas não mudam. Homens, especialmente, não mudam. Alex era Alex. O patife charmoso, o demônio de jeans, Peter Pan.
Eles eram como água e óleo, e a única hora em que combinavam era na cama. Droga, ela tinha sonhos. Sua própria loja de antiguidades. Casamento. Filhos. Alex tinha deixado claro com seus atos passados que ela não poderia contar com ele. Mas era precisava justamente de contar com ele. Para ela, era uma necessidade. Peter Pan não conseguiria.
Nesse exato momento, ele se endireitou e olhou em sua direção. Ele a encarou apesar da distância. Ela sentiu-se pressionada a se aproximar, mais uma razão para ser forte.
Se pelo menos a química entre eles não fosse tão forte… Ela se sentia atraída por ele como mosca pelo mel, e esse era todo o problema. Nos três anos em que ficaram juntos conseguiu resistir somente uma vez. Na última vez. Quando disse adeus.
- Dana - disse ele.
Ela forçou-se a ficar onde estava.
- Sim?
- Nós precisamos conversar.
- Vá em frente. Eu posso ouvi-lo daqui.
Ele sorriu ironicamente.
- Você tem tanto medo de ficar perto de mim?
Ela afirmou com a cabeça, não se importando em fingir.
- Por quê?
- Você sabe exatamente por quê. Eu tenho que ser forte, e não consigo se estivermos muito perto.
- E essa força. Para onde ela levará você?
Ela se enrijeceu.
- Eu tenho meus próprios sonhos e planos, Alex. Eu quero casar e ter filhos. Economizei quase a metade do dinheiro que preciso para...
- Abrir a loja de antiguidades? - terminou ele.
- Sim.
- Você acha que eu sou uma ameaça? Para seus sonhos?
Ela expirou. Sua raiva momentânea se dissipava.
- Deus, sim.
- Porque eu irei desapontá-la. - Isso não havia sido uma pergunta.
- Sim. Eu sei que não posso contar com você, Alex.
- Você pode imaginar alguma razão para eu ter mudado?
Zombando dele, ela sorriu.
- A única vez que uma mulher consegue mudar um homem é quando ele precisa trocar as fraldas.
Ele não sorriu. Na verdade, sua expressão se tornou séria.
- Eu não acredito nisso.
- Eu não tenho motivo para não acreditar.
Ele se aproximou, parando na frente de uma cascata de rosas amarelas.
- Eu aprendi umas coisinhas no último ano. - Ele abaixou seu tom de voz de modo que ela teve que se esforçar para ouvi-lo. - Aprendi que existem coisas no mundo pelas quais vale à pena mudar.
- Como o quê?
Alex imobilizou-a com seu olhar. Ela nunca o vira com aquele olhar.
- Dana, eu pensei muito... Sobre nós. Sobre o modo que nós terminamos, o modo como eu me comportei... - Sua expressão abrandou-se. - Se você tivesse ideia de como eu senti sua falta... Não só do sexo - acrescentou ele, apressadamente _, embora o sexo seja parte disso… Eu sinto falta de quando estávamos juntos. Sinto falta das nossas conversas. Eu sempre soube que podia me abrir com você... - Alex passou a mão pelo cabelo. - Ah, droga. Você sabe que não sou bom com as palavras.
Dentro dela, num lugar que tentou ignorar por um ano, algo mudou. O cenário mudou. Não muito, mas mudou. Seria possível que ele tivesse mudado?
- Dana…
Ela se aproximou dele.
- Sim?
- Eu…
Antes que ela soubesse o que estava acontecendo, ele havia se aproximado mais. Agarrando-a pelos braços, ele a trouxe para perto. Seus olhos brilhavam com um tipo de paixão que ela só tinha visto em sua cama.
Seu olhar, em chamas, varreu sua face, rapidamente. Dos olhos, ao nariz, ao queixo, aos lábios.
- Pessoas mudam - disse ele. - Pelas razões certas.
- Quais razões?
Ele a aproximou ainda mais, encostando seus corpos da cintura até o joelho.
- Você não sabe? - perguntou ele, sua voz cheia de emoção. - Você precisa que eu diga?
Ela fechou os olhos e concordou com a cabeça.
- Eu preciso que você diga tudo. E eu preciso que você me faça acreditar.




* Cortesia Harlequin Books

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